quarta-feira, 25 de maio de 2011

Medo

Alguém me perguntou: qual seu maior medo?

Tenho muitos medos. Muitos deles começaram não sei quando. Muitos deles já se foram como pássaros em bando. Eu deveria saber qual era o maior deles. Como responder, como refletir?
O medo tem ramificações, as mesmas se ramificam em tantas outras milhões.

De nada adiantava eu refletir sobre o medo e sua agonia
se eu não soubesse do que eu fugia.
Tenho medo da morte, pensei.
Tenho medo da vida, duvidei.
Então desses medos, ramifiquei.

Da morte, ramifiquei ao medo da pós-morte. Pra onde vou? Se é que vou.
O que farei? Se é que assim procederei.

Tenho medos ramificados. Entrelaçados, de braços cruzados.
Medos sem fundamento,
medos que trazem tormento.

E se eu soubesse para onde iria?
E se eu quisesse saber, o que faria?
Quanta ilusão, pensei. Quanta ingratidão, suspirei.

Conclui que meu maior medo não era da morte. Ou seria então da própria sorte?
Basta estar vivo para morrer. Basta estar vivo para olhar. Basta estar vivo para duvidar.

Então duvidei da vida. Duvidei de tudo. Duvidei de mim. Duvidei do próprio medo. Com remorsos, sem apego.

Da vida ramifiquei ao medo de tentar. Do medo de tentar ao de errar. Do errar ao medo de acertar.
E se eu errar? Será que errei?
E se eu acertar? Será que acertei?
E se eu tentar? Seré que tentei?
Tentei dar certo. Acertei o correto? Errei escolhento o incerto?

Em lágrimas esvazia meu coração. É como se eu estivesse em solidão. Pensamentos me pesam como fardo de uma ilusão. Que tão inconstante e tenebrosa, me cega a visão.
Não há como correr,
não há como esquecer. Não há como não viver.

Ao meu corpo o espírito foi dado.
Tão por pouco ele estará encarnado.
Até lá choro sem lágrimas à espera do dia abençoado.
E respondo, o dia para viver sem o maior medo que desde o nascimento me tem acompanhado...o de morrer sem viver o necessário.

O necessário para sorrir
o necessário para chorar
O indispensável para florir
Regado, a todo momento, sem discutir

Sem discutir o que é correto e o que é incerto.
O que é ilusão e o que é o coração. O que é a mente.
E o que é a mente, se não a semente, plantada ainda dormente?

Disperta! Dispersa! Pra vida! Pra morte!

Não tenha medo, não tenha sorte!
Tenha na vida o dever de vivê-la intensamente, não somente em sua mente,
mas na matéria fria, ardente.

Dilma Nascimento

Sinto



Quero as borboletas,

as citras, as cornetas

Sinto mas não sinto

Sinto e quero sentir

Sinto, não quero mentir.



Medo paralisa,

ou avisa?



Onde há escolha há dúvida

Onde se escolhe

não se perde,

não se acha

Se devora

se consome

Não se lastima,

Agradeçe.


Que eu agradeça.



Dilma Nascimento

Toda lua, toda nua...



Aí está você. Toda nua, a embelezar.
Com você não tem como disputar.
Roubas os olhares dos homens, deixando-os a suspirar.

Aí está você. Como queria ser assim.
Não com suas exatas formas, mas com seus encantos.
Uma beleza que não tem fim.

Você canta e encanta. Encanta e desencanta.
Inspira os homens, os limita. Os ilumina, mostra a bela menina.
Os seduz e os leva ao céu. Os conduz, tira-os o véu.
Despe e os faz suspirar.
Respiram ao sereno e você os faz amar.

Aí está você. Como não querer ser assim, tão distante, tão confiante.
Tão clara é a sua pele, que brilha elegante, radiante.
Porque não ser como você, tão amante.

Aí está você. Hora escura, toda bruxa.
Hora sorrindo, donzela dormindo.
Hora em curva cheia, toda nua, toda areia.

Não. talvez não queira ser como você.

Os homens me desejariam, mas não me alcançariam.
Me admirariam mas não me tocariam.
Não se pode ser como você. Só de vê-la me satisfaço. Só de sentir sua luz, suspiro num abraço.

Aos prantos me enlaço. Junto meus pedaços aos seus encantos.
É aí que surge você. Toda linda e amorosa. No céu, toda luminosa.

Aí está você.
Toda deles, toda nua.
Toda minha, toda lua.

Simplificando..

Moreno, montanhas terrenas. Terreno. Divino.
Penas marcadas na ação braçal, vida cotidiana.
Corpo suado, do calor, da ação musical.
Mente ligada, dos pensamentos causais, na pessoa, no grupal, no casual, em mim.
Confusão verbal, causada em mim. Causada por mim.
Sentimento guardado, analizado. Na prática, confusa, bilateral.
Complexo na verdade. Complexo no inventado.
Normalidade abraçada, recusada. Motivo nenhum, medo algum. Enfrentamento porque? Aceitação natural.
Planta, terra, semente, somente. Aos olhos admiração. À alma, compreensão. Fuga ou aceitação?
Liberdade, rompimentos. Liberdade, relacionamento. Mas liberdade, internamento.
Mente, apego. Mente, amor. Sentimento, verdadeiro. Sentimento, escondido. Negado.
Abre o véu. Tira o véu. Verdadeiro, honesto. Sentimento real.
Linguagem exclusiva. Compreensão selecionada.
Pai, talvez. Se deixar, antes, se querer.
Para querer, saber. Sentir, deixar vir.

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Ciclo - escrito em ago/2010

Os ciclos oscilam em negro e branco. Vejo clara a luz da sombra em meu corpo nu.

A Coruja me traz lembranças de quem sou. Clara, serena, misteriosa e feminina.
Hoje é lua cheia. Meu líquido escorre as pernas livre para o abismo, contente. Ao cair lá, ele é livre. Com as asas da sabedoria eu desco ao oceano escuro do meu Coração. Mergulho no abismo dos meus sentimentos e do meu verdadeiro ser. Descubro, separo, invoco e purifico.
Então, com as asas do discernimento eu subo ao oceano claro dos meus pensamentos. Mergulho no céu dos meus sentimentos, e transformo em ações o entendimento através da palavra bem-aventurada. O entendimento do processo da Dor.

Dilma Nascimento

experimentações.testes.corpo



Sem título


Dói..será que sara?

Dói...será que sara? Será que deve sarar?
Pensamentos ou ilusões..ou são reais? Sentimento que dói no coração. É fisicamente mesmo. Não é poético, é físico.
Dói não sei o que na alma. Sara, por favor.
Besteira. Besteira de menina. Mimada.
Dói o que? De quê? Pra quê?
Pra viver, pra sorrir, pra amar.

Dilma Nascimento

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