domingo, 16 de outubro de 2011

Luto primaveril

Passo os dias esperando, o dia em que esquecerei o passado, para então o presente viver sem medos nem pesares.

Esse dia ainda não chegou, se chegou ainda não o vi. O que vi foi você, a presença física e espiritual do homem dos meus sonhos.

Dos meus sonhos atuais, os que me ocorrem sem eu querer. Peço pra não sonhar, mas você insiste em aparecer.

E quando aparece, não só passa. Permanece e os sentimentos mais puros que já senti por alguém, ficam óbvios.

Daí eu acordo. Acordo diferente de quando fui dormir. Durmo bem achando que já superei. Mas daí tu aparece. Um homem nos meus sonhos. Então uma dor desperta. E a sensação é, que o dia em que esquecerei o passado, para então viver o presente sem medos nem pesares, ficou mais uma vez, distante.



Os sonhos só me mostram o que ainda sinto por ti. É amor sim, sem dúvida nenhuma. Bem puro, sem a mente e o racional atrapalhando o coração. Nos sonhos pelo menos consigo ficar na sua presença. No dia real não. No dia real há o amor, mas há o apego. Não consigo ficar perto, nem lhe ver. Quero, mas a mulher intuitiva fala mais forte. Ela diz: se resguarda, cuida de ti, não sofra, vai pra casa! Acho que isso é natural, é natural do Luto.



O luto é fundamental pra eu me encontrar neste momento. Me bastar e saber que a felicidade não está em você nem em ninguém. Quando esse luto passar, estarei mais linda e madura. Pra ti, ou pra outro. Isso só Deus sabe...



A cada dia que passa me amo mais. Me olho no espelho e entendo que mereço alguém extremamente maravilhoso. Assim como você, ou assim como outro alguém a me encontrar.



Ele me disse: "É tempo de cuidar de você, de arar a terra, menina." É isso que estou fazendo, pelo menos, tentando.



Há um lindo dia de primavera aqui dentro, sabe. Muitas flores e mel. Luz do Sol e um mar calmo e delicioso. Isso pulsa dentro de mim, do meu coração, do meu útero. E alguém há de penetrar nesta Luz, de vivenciar esse Amor natural feminino, com todas as suas dores e prazeres. Enquanto isso não acontecer, eu mesma, na minha própia e única magnitude de ser mulher, vou vivenciando em mim...toda essa primavera. Toda essa luz, esse calor, esse vulcão, essa dor e esse prazer.



Dilma Nascimento

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Resgate às origens


Hoje só resta eu. Resta a mim ser Eu.
Hoje é o dia do resgate. De mim mesma. Das minhas origens, da intuição.
Ele me disse. Sim, me disse: "É o momento de arar a terra, menina."
Então vou preparar a terra. Pra semente. Pra semente que virá. E crescerá...e florescerá.
Dará seus frutos, pra novas sementes plantar.

Vou sim resgatar o que comecei há tempos atrás. E esqueci. De continuar, de arar.
Ancestrais me aguardam. Já esperam por isso há alguns meses. Têm calma. Pois são meus ancestrais, fazem parte de mim.
Já estou indo, já vou indo. Resgatar.
Práticas e rituais. Passagens e banhos. Perfumes e tintas. telas brancas...telas inteiras, coloridas.
Danças inteiras, intensas. Pétalas e tambores, canto sagrado e profano. Saindo da minha boca, dos meus pés, das minhas mãos. Do meu Ser.

Já estou indo. Resgatar.

domingo, 2 de outubro de 2011

Eis que chega a hora mais doída, doida.
O coração rasgado de uma dor que parece não ir embora.
Ele sangra de uma dor, uma dor que parece não querer ir embora.
Sangra lágrimas doces e salgadas, do passado e do presente. Sente dor do futuro, e não sabe viver alegremente.
Alguém o ensina, por favor. eu cansei de tentar...de esquecer. De tentar esquecer.
Acolho? Acolho. Acolho pra ir embora, sem demora, pra não voltar mais não.

A prece chega aos altos, ventando, soprando.
Ela leva meu recado. Que eu não sofra mais não. Pode parar...quero ver a luz da alegria de viver.
Quero acordar e dormir na paz. Pela vida, pela minha vida.

Isso aqui é um desabafo. Nem sei quem lerá, nem sei quem será. Isso aqui é um lamento. De uma mulher que vem se encontrando. No sertão, no deserto do seu peito. Peito de mulher, mulher de verdade, que aflora, um vulcão.
Para se encontrar é necessário se perder. Ainda estou perdida...num mar de lamento, do meu lamento. Por ser mulher. Por ser humana. Por ser divina e maravilhosa, e ainda não saber disso. Não ver isso.

Bota um espelho. Me bota um espelho bem na frente, na minha frente. Atrás também, pra analizar melhor. Quem sabe assim verei que sou perfeita e mereço ser feliz.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011




sábado, 30 de julho de 2011

Quando a saudade pega...é Luz que mando. Que emano, que encanto. Que canto, danço, sinto.
As lágrimas que saem, que ainda saem, lavam minh'alma. Descarregam o passado, solucionam o presente. Não me mostram o futuro. Ainda bem, pois lá na frente só ao Universo pertence.
Então eu seco elas, com as mãos. Com as mãos de esmalte azul. Seco elas, tiro o esmalte, e pinto as unhas de vermelho, rosa...ou azul outra vez. Ou outras vezes.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Além

O que me leva além disso. Além da vida, além mar.
São só sorrisos, vindos do coração, do fundo da alma.
Respira além de mim. Para mim, dentro. Amo além do todo, só não achei o amor ainda.
Está aqui, em algum lugar. Distante nas montanhas do espírito. Mas não tão longe que não possa alcançá-lo e desfrutar do seu doce sabor.
Quando o encontrar, estarei no alto da montanha e na beira da praia. Prairando sob a relva e o com o sol quentinho iluminando meu rosto. Meus lábios o beijarão, com o carinho e afeto infinitos, divinos, que brotam lá do fundo, da alma, do meu ser.
Por mil anos e gerações, meu sorriso estará perpetuando nos corações dos apaixonados, pela vida, pelo próprio amor. Tal sorriso é alimentado pela luz que emana lá do céu. Céu estrelado e nublado. Céu rosado, amanhecido, escurecido.
Talvez nem lembre do momento em que brotou tal sorriso, tal amor. Mas sempre sentirei o sentimento infinito de gratidão por ser quem sou e quem sempre serei. Agora ainda não. alvez ache que não. Mas virá...renascerá.

Dilma Nascimento

sábado, 11 de junho de 2011

solo

O solo não é solo. É junto também. não é sozinho.
É terra, junto. minerais. rochas metamórficas. rochas ígneas e sedimentares.
Sedimenta, o solo sedimenta.
Quando se está junto, a rocha vira metamórfica..com o desejo então, vem a ígnea. Que é a do vulcão. Sabe, a rocha originada da lava do vulcão.
O vulcão explode..nada o segura.
Quando se está junto é metamórfica, ígnea.
A gente vira metamorfose e então lava de vulcão!
Que sai, transborda.

sábado, 4 de junho de 2011

Duo




Desejo o desejo de lhe ter. Seus braços enlaçam meu corpo, juntando dois mundos, dois sonhos. Diferentes formas de pensar, de agir. Diferentes mundos, universos paralelos.
Uma linha que liga, forgo ardente aos olhos de alguém. Nos une ancestralmente, a energia pura e iluminada da vida. Nos conduz numa dança de ida e volta, que nunca foi. Fica, ficou.
Das pedras, polidas nascem flores, eu sei. Polidas, ficam tão belas. Rústicas, nem tanto. Mas polidas, brilham.
Ah, seus braços. A tatuagem. É dela que gosto? Está explicado. Gosto dos penachos caídos dos ombros em meus sonhos. Desce num rio, uma flauta doce ele toca. Olha pra mim, seus olhos brilham. São de índio, da mata, da serra, da terra. Olha pra mim. Não sei qual sentimento sentir. Parece que sou ele. Um pedaço dele. Sou dele. Acessa uma parte de mim, insegura, forte. Toca o tambor do coração, bate dentro, bem no centro. No centro de mim, no meio, dentro.
Isso prende. Mente presa, coração livre. Liberta vai, liberta.
O pássaro quer voar há muito tempo. Sair das ilusões, viver a dimensão real do ar onde plana em seu alto vôo. Quer voar, simplesmente voar. Por isso. Por isso é tão difícil.
Difícil estar presa no seu coração. Ele ainda não sabe que tem asas...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Tenho em mim. Tenho. A dúvida e a certeza.
Duvido de mim, do amor, da verdade, dos encontros.
Duvido do céu. Do riso, dos pássaros, da aurora.
Mas o vento não pára. O sol continua nascendo. O sol me vem. Me esquenta. O riso vem, os pássaros vêm, a aurora aparece.
Então tenho a certeza. De que tudo passa. De que a verdade encontra o seu destino.
De que o amor e os encontros acontecem, se repetem.

Mas onde fico? Onde estou agora? Não sei. Mas sei. Aqui, no meu quarto.
Meu canto, meu pranto. Esconderijo. Ninguém me vê, ninguêm me olha. Ninguém olha. Nunca.
Nem quero. Mas temo. Em querer....

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Marina



o que sou..

O que sou, se não lágrimas. Escorridas dos olhos que não vêem além do horizonte.
O que sou, se não o choro reprimido de uma criança que gosta de chorar.
O que sou, se não o riso da máscara caída, risonha e falsa a se declarar.
O que sou, se não a angústia, querida, abençoada que me faz sonhar.
O que sou, se não os sonhos que só sonho, sem ação, sem se materializar.
O que sou, se não os anseios de mudar o mundo, o meu mundo, egoísta, de ser e estar.
O que sou, se não um pontinho, minúsculo, vitimizado por uma realidade que não existe.
O que sou, se não dores de amores perfeitos, deixados a irem embora, sem ao menos lutar.
O que sou, se não o medo de não ter medo, da culpa, da dor, do desamor.
O que sou, se não a vontade de me maltratar, e depois chorar ao me vitimizar.
O que sou, se não o desejo, o apego de gozar a vida nos detalhes que ninguém desconfia.
O que sou, se não a verdade, de entender a clareza do que sou.
O que sou, se não uma gota, translúcida e perfeita. Salgada e molhada. Suada e folgosa. Doida a se espalhar. Pelos campos, pelos mares, pelos ares do meu ser. Pelos ares de outros seres. Pelos ares de Deus, da mãe, do pai do filho.
O que sou, se não uma palavra, vaga, vazia. Cheia.
O que sou, se não uma estrela, uma luz dentro de mim. Que nasce, renasce. Encontra, perde e se perde.
O que sou, se não um cérebro, ilusório e raivozo. Vingativo e choroso. Inteligente e amoroso. Rancoroso por si mesmo. Um cérebro sentado. Esperando a vida passar. Recebendo a vida passar.
O que sou, se não uma alma. Ansiosa por viver. O agora, o amor. A liberdade, o sabor. A alegria, divindade. Humanidade, raridade. Uma alma, d'álma. Dilma. Alma que nasce. Todos os dias. Bem mais hoje, é seu dia de nascimento. Nasce agora, de verdade. Nasce, alimento.
O que sou, se não Dilma Nascimento.

Só resta...

Pele. Pra que pele?
Só resta coração.
Só resta uma lembrança. Uma recordação.
Pra que pele?
Só resta um coração.
o meu.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Medo

Alguém me perguntou: qual seu maior medo?

Tenho muitos medos. Muitos deles começaram não sei quando. Muitos deles já se foram como pássaros em bando. Eu deveria saber qual era o maior deles. Como responder, como refletir?
O medo tem ramificações, as mesmas se ramificam em tantas outras milhões.

De nada adiantava eu refletir sobre o medo e sua agonia
se eu não soubesse do que eu fugia.
Tenho medo da morte, pensei.
Tenho medo da vida, duvidei.
Então desses medos, ramifiquei.

Da morte, ramifiquei ao medo da pós-morte. Pra onde vou? Se é que vou.
O que farei? Se é que assim procederei.

Tenho medos ramificados. Entrelaçados, de braços cruzados.
Medos sem fundamento,
medos que trazem tormento.

E se eu soubesse para onde iria?
E se eu quisesse saber, o que faria?
Quanta ilusão, pensei. Quanta ingratidão, suspirei.

Conclui que meu maior medo não era da morte. Ou seria então da própria sorte?
Basta estar vivo para morrer. Basta estar vivo para olhar. Basta estar vivo para duvidar.

Então duvidei da vida. Duvidei de tudo. Duvidei de mim. Duvidei do próprio medo. Com remorsos, sem apego.

Da vida ramifiquei ao medo de tentar. Do medo de tentar ao de errar. Do errar ao medo de acertar.
E se eu errar? Será que errei?
E se eu acertar? Será que acertei?
E se eu tentar? Seré que tentei?
Tentei dar certo. Acertei o correto? Errei escolhento o incerto?

Em lágrimas esvazia meu coração. É como se eu estivesse em solidão. Pensamentos me pesam como fardo de uma ilusão. Que tão inconstante e tenebrosa, me cega a visão.
Não há como correr,
não há como esquecer. Não há como não viver.

Ao meu corpo o espírito foi dado.
Tão por pouco ele estará encarnado.
Até lá choro sem lágrimas à espera do dia abençoado.
E respondo, o dia para viver sem o maior medo que desde o nascimento me tem acompanhado...o de morrer sem viver o necessário.

O necessário para sorrir
o necessário para chorar
O indispensável para florir
Regado, a todo momento, sem discutir

Sem discutir o que é correto e o que é incerto.
O que é ilusão e o que é o coração. O que é a mente.
E o que é a mente, se não a semente, plantada ainda dormente?

Disperta! Dispersa! Pra vida! Pra morte!

Não tenha medo, não tenha sorte!
Tenha na vida o dever de vivê-la intensamente, não somente em sua mente,
mas na matéria fria, ardente.

Dilma Nascimento

Sinto



Quero as borboletas,

as citras, as cornetas

Sinto mas não sinto

Sinto e quero sentir

Sinto, não quero mentir.



Medo paralisa,

ou avisa?



Onde há escolha há dúvida

Onde se escolhe

não se perde,

não se acha

Se devora

se consome

Não se lastima,

Agradeçe.


Que eu agradeça.



Dilma Nascimento

Toda lua, toda nua...



Aí está você. Toda nua, a embelezar.
Com você não tem como disputar.
Roubas os olhares dos homens, deixando-os a suspirar.

Aí está você. Como queria ser assim.
Não com suas exatas formas, mas com seus encantos.
Uma beleza que não tem fim.

Você canta e encanta. Encanta e desencanta.
Inspira os homens, os limita. Os ilumina, mostra a bela menina.
Os seduz e os leva ao céu. Os conduz, tira-os o véu.
Despe e os faz suspirar.
Respiram ao sereno e você os faz amar.

Aí está você. Como não querer ser assim, tão distante, tão confiante.
Tão clara é a sua pele, que brilha elegante, radiante.
Porque não ser como você, tão amante.

Aí está você. Hora escura, toda bruxa.
Hora sorrindo, donzela dormindo.
Hora em curva cheia, toda nua, toda areia.

Não. talvez não queira ser como você.

Os homens me desejariam, mas não me alcançariam.
Me admirariam mas não me tocariam.
Não se pode ser como você. Só de vê-la me satisfaço. Só de sentir sua luz, suspiro num abraço.

Aos prantos me enlaço. Junto meus pedaços aos seus encantos.
É aí que surge você. Toda linda e amorosa. No céu, toda luminosa.

Aí está você.
Toda deles, toda nua.
Toda minha, toda lua.

Simplificando..

Moreno, montanhas terrenas. Terreno. Divino.
Penas marcadas na ação braçal, vida cotidiana.
Corpo suado, do calor, da ação musical.
Mente ligada, dos pensamentos causais, na pessoa, no grupal, no casual, em mim.
Confusão verbal, causada em mim. Causada por mim.
Sentimento guardado, analizado. Na prática, confusa, bilateral.
Complexo na verdade. Complexo no inventado.
Normalidade abraçada, recusada. Motivo nenhum, medo algum. Enfrentamento porque? Aceitação natural.
Planta, terra, semente, somente. Aos olhos admiração. À alma, compreensão. Fuga ou aceitação?
Liberdade, rompimentos. Liberdade, relacionamento. Mas liberdade, internamento.
Mente, apego. Mente, amor. Sentimento, verdadeiro. Sentimento, escondido. Negado.
Abre o véu. Tira o véu. Verdadeiro, honesto. Sentimento real.
Linguagem exclusiva. Compreensão selecionada.
Pai, talvez. Se deixar, antes, se querer.
Para querer, saber. Sentir, deixar vir.

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Ciclo - escrito em ago/2010

Os ciclos oscilam em negro e branco. Vejo clara a luz da sombra em meu corpo nu.

A Coruja me traz lembranças de quem sou. Clara, serena, misteriosa e feminina.
Hoje é lua cheia. Meu líquido escorre as pernas livre para o abismo, contente. Ao cair lá, ele é livre. Com as asas da sabedoria eu desco ao oceano escuro do meu Coração. Mergulho no abismo dos meus sentimentos e do meu verdadeiro ser. Descubro, separo, invoco e purifico.
Então, com as asas do discernimento eu subo ao oceano claro dos meus pensamentos. Mergulho no céu dos meus sentimentos, e transformo em ações o entendimento através da palavra bem-aventurada. O entendimento do processo da Dor.

Dilma Nascimento

experimentações.testes.corpo



Sem título


Dói..será que sara?

Dói...será que sara? Será que deve sarar?
Pensamentos ou ilusões..ou são reais? Sentimento que dói no coração. É fisicamente mesmo. Não é poético, é físico.
Dói não sei o que na alma. Sara, por favor.
Besteira. Besteira de menina. Mimada.
Dói o que? De quê? Pra quê?
Pra viver, pra sorrir, pra amar.

Dilma Nascimento

  © Desenvolvido por Os Caprichos de Maria 2008

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